Quando o José me viu, na sala dos professores, colocou a mão para trás e disse:
- Desculpe se não te cumprimento, Marcos. É que minha mão está suja de giz.
- Que é isso, Zé! Em época de gripe suína, é melhor deixar a mão no bolso.
Ele ficou levemente constrangido ao se ver pego na "mentira" e defendeu-se:
- É que eu tenho criança pequena em casa...
Então é isto. Oferecer a mão a um amigo, em tempos de pandemia, virou um ato deselegante. É como apontar uma arma. Aqui em Curitiba, onde mais de trinta já morreram, justifica-se. Espirrar, então, é coisa que merece o maior repúdio. "Vá espirrar na PQP" - parecem dizer os olhares de reprovação.
Janelas abertas, por favor! Ainda que a corrente de ar gelado possa te matar de outra coisa.
Na faculdade, assiste-se ao ato quase religioso de, na passagem pelo bebedouro, apertar a caixinha com alcool gel, como quem mergulha os dedos em uma água benta antes do combate.
Pessoas mascaradas andam pelas ruas, sem qualquer constrangimento, enquanto os Shoopings Centers vivem às moscas.
Quem quer ir ao cinema?
Deixei as balas perdidas do Rio de Janeiro, para viver na pacata Curitiba outro "jogo", outra loteria. A loteria (sem maudade) dos perdigotos.
Espero poder rir disto tudo no próximo verão. Mas, para dezenas, o mundo já acabou.