Há muito tempo nas águas da Guanabara, quando as pessoas de bem ainda amarravam cachorro com linguiça, meu mano era oficial do Corpo de Fuzileiros Navais. Ano? 1993 ou 94, presumo. Recebeu a missão de escrever um artigo sobre a participação do CFN no ataque a Cunha, a partir de Paraty, durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Como todo Cunha que se presta, levou a coisa a sério e se apaixonou pelo tema. Queria examinar o local, para entender melhor o que se passara e conhecer um professor da região, que tinha um pequeno museu.
Recebeu para tanto um jipe, dois soldados, um detector de metais e ainda levou mão de obra barata (eu, minha futura patroa e sua 17ª noiva). Fomos muito bem recebidos na cidade, pelas mocinhas francesas, jovens polacas e por batalhões de mulatas. Com a ajuda do tal professor, descobrimos as linhas de trincheiras paulistas, que ainda são perceptíveis, embora o tempo as tenha deixado com poucos centímetros de profundidade. Usamos o detector de metais para explorar rapidamente estes locais e o ponto onde teria havido um combate, junto a um córrego. Encontramos um pedaço de fuzil daquela época e um leão de metal de meio palmo de tamanho. O leão, ao que parece, não tomou parte nos combates, mas, afirma, também não se acovardou. O artigo foi publicado e virou referência em um livro que trata de batalhas brasileiras. Foi, realmente, uma viagem bem interessante, dentre muitas que fiz naquela época saudosa em que a vida ainda me pertencia.
Mas faz muito tempo...
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