- Isto é uma tremenda molecagem! Já é a segunda vez que tento viajar com vocês às 8:30 e vocês cancelam o vôo por falta de teto! Quem não tem competência, não se estabelece!
- A culpa não é da empresa, senhor. São questões climáticas. O Sr. deve ter notado a forte neblina quando chegou – respondeu, educadamente, a atendente da companhia aérea.
Ela detestava o vôo das 8:30 pois, naquela cidade, era comum a ocorrência de densas neblinas pela manhã.
Os passageiros estavam nervosos na fila do check in. As horas seguintes prometiam ser infernais.
O próximo da fila era um homem alto de terno. Seus olhos claros e o cabelo castanho, meio bagunçado, davam-lhe um aspecto de Bill Gates. Ele entregou sua identidade, sem dizer palavra.
- O Sr. Vai para o Rio?
- Isso.
Ela respirou fundo e, tentando se sentir uma máquina insensível, prosseguiu:
- Ocorre que este vôo foi cancelado. Estarei transferindo o Sr. Para o vôo das 12:10.
- Tudo bem! – reagiu ele, com um sorriso que a desconcertou. Ele, sentindo que aquela reação não era a esperada, completou:
- A vida é assim mesmo.
Ele tomou o cartão de embarque, passou entre um grupo de passageiros descontentes e seguiu para a livraria do aeroporto com um semblante satisfeito.
Eram sete e trinta da manhã e ele estava com sono. Mas, pelas próximas horas, sozinho naquele lugar, ele estaria cortado do mundo, inalcançável, sem qualquer responsabilidade ou cobrança, sem acesso à internet e, melhor ainda, podendo colocar a “culpa” por isto na empresa aérea.
- A culpa não é da empresa, senhor. São questões climáticas. O Sr. deve ter notado a forte neblina quando chegou – respondeu, educadamente, a atendente da companhia aérea.
Ela detestava o vôo das 8:30 pois, naquela cidade, era comum a ocorrência de densas neblinas pela manhã.
Os passageiros estavam nervosos na fila do check in. As horas seguintes prometiam ser infernais.
O próximo da fila era um homem alto de terno. Seus olhos claros e o cabelo castanho, meio bagunçado, davam-lhe um aspecto de Bill Gates. Ele entregou sua identidade, sem dizer palavra.
- O Sr. Vai para o Rio?
- Isso.
Ela respirou fundo e, tentando se sentir uma máquina insensível, prosseguiu:
- Ocorre que este vôo foi cancelado. Estarei transferindo o Sr. Para o vôo das 12:10.
- Tudo bem! – reagiu ele, com um sorriso que a desconcertou. Ele, sentindo que aquela reação não era a esperada, completou:
- A vida é assim mesmo.
Ele tomou o cartão de embarque, passou entre um grupo de passageiros descontentes e seguiu para a livraria do aeroporto com um semblante satisfeito.
Eram sete e trinta da manhã e ele estava com sono. Mas, pelas próximas horas, sozinho naquele lugar, ele estaria cortado do mundo, inalcançável, sem qualquer responsabilidade ou cobrança, sem acesso à internet e, melhor ainda, podendo colocar a “culpa” por isto na empresa aérea.
Me pergunto quantos de nós realmente desejam tal liberdade, neste mundo em que a maior parte das pessoas fica desesperada se desconectada por algumas horas. Basta olhar ao redor, até mesmo na sala de espera de um consultório médico. A maioria já se agarra ao celular e fica ali, num "empolgante" apertar de teclas. O homem de olhos claros é raro. Mas a maioria de nós é exatamente como diz o Zygmunt Bauman: "Um bando de castores atarantados procurando uma tomada onde se plugar".
ResponderExcluirLara